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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

GOOOOOOOOOOOOOOOL!

A fixação do público brasileiro pelo Futebol é, ao mesmo tempo, insana e encantadora. O esporte praticado mundialmente tem, nas terras brasileiras, o conforto de uma paixão doentia e incondicional; salpicada por revoltas, manifestações, lágrimas, pranto e muitos gols... e que, de quebra, representa o berço do patriotismo e nacionalismo do cidadão verde-amarelo.

Mas engana-se aquele que acredita que tal sentimento é exclusividade de nossa nação. A febre futebolística já invade inúmeras nações do mundo, o que se reflete em diversos panoramas sociais e comerciais. A demanda pelo esporte - e tudo que possa referir-se ao mundo da bola - é tão grande que podemos sentir aqui, em nossas dimensões tecnológicas, a influência que este promove na sociedade como um todo.

A indústria de video-games que o diga. A simulação de uma partida de futebol é uma das grandes fábricas de dinheiro que empresas como Konamy (Pro Evolution Soccer) e EA Games (FIFA Soccer) podem desfrutar, atualmente. Num pequeno console, podemos participar, de infinitas partidas. Ah, e é claro, com controle total do time, desde a tática até o chute que balança as redes do gol adversário.
A tecnologia disponível hoje nos permite ir ainda mais além, buscando adversários de todos os cantos do mundo, desgastando nossas falanges em duelos cada vez mais complexos, em busca das táticas e jogadas perfeitas.






Mas, será essa o ápice da interação com o esporte da qual podemos desfrutar?
Temos hoje, no mercado, títulos cada vez mais realistas - uns buscando a integridade estética, outros o realismo tático. Porém, de forma alguma um joystick de plástico pode simular, com perfeição, uma real partida de futebol.
Podem existir argumentos vangloriando a experiência Kinect, então, como a soberana no realismo e na simulação de esportes e outras vivências... mas então retruco novamente, pois o feedback tátil se perde com tal recurso, e o que vemos - e sentimos - é uma mera imitação das experiências reais das quais desfrutamos quando em contato com a atividade desejada.

É evidente que a tecnologia, por estar em constante evolução, poderá, um dia, imitar a realidade com perfeição, permitindo, ao ser humano, que esse sinta o realismo presente em todos os cinco sentidos: olfato, tato, audição, visão e paladar. Teremos então uma era em que a máquina interage com o homem, e não o contrário. Uma jogabilidade tão intensa, tão "real", que vai permitir uma experiência idêntica àquela que poderia ser alcançada em uma partida real de futebol.

Mas é então que vos pergunto: Não seria melhor participar realmente da tal partida de futebol?!
A tentativa da tecnologia em imitar todos os processos metafísicos existentes em nossas atividades vai se tornar tão intensa, que essa vai se igualar a realidade; gerando, então, mundos parcialmente idênticos. Mas, a sutil diferença é também a vilã de tal "universo". A interação, antes homem-homem, se tornaria homem-máquina, o que poderia gerar um cenário em que o gamer esqueça seu FIFA 50 jogado de lado para poder jogar futebol com os amigos; ou então criar uma humanidade completamente reclusa e fria.

A busca pela perfeição dos detalhes é natural nos seres humanos. Eu mesmo, quando vejo imagens praticamente reais na tela de minha televisão, me sinto tecnologicamente realizado. Todavia, devemos sempre nos atentar para que essa não ultrapasse alguns limites, e acabe se tornando um empecilho para nossa jogatina. Tivemos, nesse ano, um exemplo de como a tecnologia pode ser muito bem aproveitada nesse mundo paralelo dos futebol, quando tivemos uma Copa do Mundo completamente televisionada em HD. Mas, pelo menos por ora, esse realismo é limitado, e não se compara àquele encontrado nas arquibancadas... e aí está o grande barato da coisa! A possibilidade de podermos transferir nossa situação de agente passivo (telespector) no esporte, para alcançar posições de zagueiro, volante, atacante, meio-campo, lateral, assistente técnico e treinador ao mesmo tempo, por enquanto, já nos basta. E, essa interação humano-tecnológica propiciada pelo que temos hoje é completamente saudável! Mas, a evolução bate à nossa porte, trazendo com ela algumas complicações.

Temos a previsão de que, no ano de 2050, um time de robôs poderá vencer uma seleção mundial dentro das quatro linhas. A tecnologia alcançara tão altos padrões, que o raciocínio e a experiência humana não passarão de pequenos intempéries para a soberania de lata. E aí então, meus caros, o mundo que conhecemos mudará drasticamente.

Tomara que eu esteja errado.

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Uma gloriosa contribuição de Jean-Frédéric Pluvinage, pela matéria no site Itaú Cultural


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